Uma multidão de fiéis em busca de um milagre, de uma graça, de paz de espírito. Por quase duas horas milhares de pessoas rezam, cantam e meditam juntas. Emoção e fé. Esse é o retrato da missa de cura e libertação que acontece há 10 anos na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis, e atrai cerca de duas mil e quinhentas pessoas em cada celebração. As ruas no entorno da paróquia precisam ser fechadas neste dia porque o prédio da igreja há muito tempo não comporta o número de fiéis. Pessoas de todas as idades: de idosos a crianças de colo; homens, mulheres; moradores de cidades do interior, muitos dos participantes vêm de longe, exclusivamente para a missa. Faltam palavras para definir o que é a missa de cura. O comerciante Fabio Teixeira, de 45 anos, tenta: "É um fenômeno".
Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press |
A celebração é conduzida pelo padre Antonio Nunes e alterna momentos de entusiasmo e emoção. A multidão canta junto e também chora junto. No momento da homilia as pessoas parecem assimilar cada palavra do sacerdote, dentro ou fora da igreja, todos se concentram no discurso. "Nas outras missas o sermão do padre é diferente, parece que é cansativo, aqui não. O padre Nunes faz a gente refletir, o queele fala engloba os problemas de todo mundo. Sempre que eu venho parece que ele está fazendo o sermão para mim", disse a estudante Analia Luana Sena Souza, de 21 anos. O empresário Alexandre Siqueira Concentino, 31 anos, concorda. "O padre Nunes tem o dom de tocar as pessoas com a palavra de Deus. Ele fala exatamente o que a gente precisa ouvir naquele momento. É emocionante, a gente espera o mês todo para vir de novo", disse. O empresário não conseguiu um lugar dentro da igreja e estava na rua lateral com o filho de 4 anos e a esposa Isabelly Cocentino, 31. "Mesmo aqui do lado de fora a gente sente a presença do Espírito Santo, é algo inexplicável o que a gente sente nessa missa".
No momento da comunhão filas enormes se formam dentro e fora da igreja e os ministros da eucaristia se espalham nos corredores, nas portas laterais, e até nas calçadas, para conseguir atender todos os fiéis. Os cânticos, presentes em quase todos os momentos da missa, são tidos como um diferencial. "Essa missa é muito linda, as músicas tocam no coração da gente, é impossível não se emocionar", disse a aposentada Maria de Lourdes Varela Santos, 65.
A descontração fica por conta do próprio padre Nunes, que com uma linguagem simples conversa e até brinca com os presentes. "Eu sempre vejo pela cidade uns carros com aquele adesivo em que está escrito 'foi Deus que me deu'. É mentira!", disse, arrancado risos dos fiéis. "Por que Deus ia dar para um e não ia dar para o outro? Não foi Deus que te deu, foi você que trabalhou e conquistou esse carro. Deus abençoa a todos, mas uns podem dizer sim e outros não. Tudo depende da forma como você aceita essa benção", concluiu.
Espaço para os sinais
O ápice da celebração é o momento em que o padre "passeia" com a hóstia consagrada - que para os católicos é o corpo de Cristo - entre os fiéis. Nesta hora, as pessoas apresentam fotografias, chaves, carteiras de trabalho, exames médicos, em busca de uma benção. O próprio padre explica o significado desses objetos. "A liturgia abre espaço para os sinais, aquilo que possa expressar alguma ligação de vida. A chave, por exemplo, lembra o lar, a família, que a gente tanto pede que Deus liberte dessas ondas de violência, drogas, bebidas, e tudo aquilo que tem destruído os valores da família. As fotos representam aquela pessoa que está precisando de oração, mas que por alguma razão não pode vir à missa, então a gente coloca essas pessoas nas mãos de Deus".
Muito emocionada, a agente de saúde rezava enquanto erguia uma foto do sobrinho. "Ele está passando por uma fase difícil e não pôde vir à missa, então essa foi a forma que eu encontrei de ajudá-lo a receber essa benção", disse.
fonte: http://www.diariodenatal.com.br/2011/11/13/cidades3_0.php
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