Papa saúda peregrinos presentes na Praça São Pedro, no Vaticano, para a Catequese desta quarta-feira, 16
Após ter dedicado as últimas
catequeses sobre a oração nos Atos dos Apostólos, o Papa Bento XVI
anunciou que a partir desta quarta-feira, 16, as próximas catequeses
refletirão sobre a oração nas cartas de São Paulo.
O Santo
Padre destacou que um primeiro elemento ensinado pelo apóstolo Paulo é
que a oração não deve ser vista como uma "simples boa obra" que as
pessoas fazem para Deus mas, antes de tudo, é um dom, fruto da presença
vivificante do Pai e de Jesus Cristo em cada um.
Acesse
Sabemos
que é verdadeiro o que diz São Paulo, na carta aos Romanos, afirmou
Bento XVI, de que "não sabemos rezar de modo conveniente" (Rm 8, 26).
"Queremos rezar, mas Deus está distante, não temos as palavras, a
linguagem para falar com Deus, nem mesmo o pensamento. Podemos somente
nos abrir, colocar o nosso tempo à disposição de Deus, esperar que Ele
nos ajude a entre em verdadeiro diálogo", explicou o Papa.
Mas é
exatamente essa falta de palavras e também o desejo de entrar em
contato com Deus, que é "a oração que o Espírito Santo não somente
entende, como leva e interpreta diante de Deus", disse o Santo Padre
explicando as palavras do apóstolo. "Exatamente essa nossa fraqueza se
torna, através do Espírito Santo, verdadeira oração, verdadeiro contato
com Deus. O Espírito Santo é quase um intérprete que faz com que Deus
entenda aquilo que queremos dizer", ressaltou.
Bento XVI destacou também três consequências na vida dos cristãos quando se deixam conduzir pelo Espírito Santo.
A
primeira é que com a oração a pessoa experimenta a liberdade doada pelo
Espírito: "uma liberdade autêntica, que é liberdade do mal e do pecado,
para o bem e para a vida, para Deus". O Papa explicou que sem a oração
animada pelo Espírito, que alimenta a cada dia a intimidade dos fiéis
com Cristo, esses permanecerão na condição descrita pelo Apóstolo: "não
fazemos o bem que queremos, mas sim, o mal que não queremos" (Rm 7, 19).
Uma
segunda consequência, de acordo com o Santo Padre, é que "o
relacionamento com o próprio Deus se torna tão profundo" ao ponto de não
ser corrompido por nenhuma realidade ou situação. "Compreendemos então
que com a oração não somos liberados das provas ou dos sofrimentos, mas
podemos vivê-los em união com Cristo, com os seus sofrimentos, na
perspectiva de participar também da sua glória" (Rom 8,17), enfatizou.
E
o terceiro ponto é que a oração do fiel se abre às dimensões da
humanidade e de toda criação, se torna intercessão pelos outros e assim,
ele libera a si mesmo, para ser canal de esperança para toda criação
(cf. Rm 8, 19). "A oração, sustentada pelo Espírito de Cristo que fala
no íntimo de nós mesmos, não fica nunca presa em si mesma, não é somente
uma oração por mim, mas se abre à divisão dos sofrimentos do nosso
tempo, dos outros", disse Bento XVI.
Por fim, o Papa destacou
que São Paulo ensina os cristãos quanto ao dever de se abrirem na oração
à presença do Espírito Santo, "o qual reza em nós com gemidos
inexprimíveis para nos levar a aderir a Deus de todo o coração".
"O
Espírito de Cristo se torna a força da nossa oração 'fraca', a luz da
nossa oração 'apagada', o fogo da nossa oração 'árida', doando-nos a
verdadeira liberdade interior, ensinando-nos a viver enfrentando as
provas da existência, na certeza de não estarmos sós e abrindo-nos aos
horizontes da humanidade e da criação", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário