Certa
vez, uma jovem foi ter com São Filipe Neri, para confessar seus
pecados. Ele já conhecia muito bem uma de suas maiores falhas: não que
ela fosse má, mas costumava falar mal dos vizinhos, deduzindo histórias
sobre eles. Essas histórias passavam de boca em boca e acabavam fazendo
muito mal – sem nenhum proveito para ninguém.
São Filipe lhe disse:
– Minha filha, você age mal falando dos outros;
Tenho que lhe passar uma penitência um pouco diferente:
Você deverá comprar uma galinha no mercado e depois caminhar para fora
da cidade. Enquanto for andando, deverá arrancar as penas e ir
espalhando-as. Não pare até ter depenado completamente a ave. Quando
tiver feito isso, volte e me conte.
Ela
pensou com seus botões que era mesmo uma penitência muito singular! Mas
não objetou. Comprou a galinha, saiu caminhando e arrancando as penas,
como ele lhe dissera. Depois, voltou e reportou a São Filipe.
– Minha filha – disse o Santo –, você completou a primeira parte da penitência. Agora vem o resto.
– Sim, o que é, padre?
– Você deverá voltar pelo mesmo caminho e catar todas as penas.
– Mas,
padre, é impossível! A esta hora, o vento já as espalhou em todas as
direções. Posso até conseguir algumas, mas não todas!
– É
verdade, minha filha. E não é isso mesmo que acontece com as palavras
tolas que você deixa sair pela boca? Não é verdade que você inventa
histórias que vão sendo espalhadas por aí, de boca em boca, até ficarem
fora do seu alcance? Será que você conseguiria segui-las e cancelá-las,
se desejasse?
– Não, padre.
–
Então, minha filha, quando você sentir vontade de dizer coisas
indelicadas sobre seus vizinhos, feche os lábios. Não espalhe essas
plumas, pequenas e maldosas, pelo seu caminho.
Do livro: O Livro das Virtudes II
O Compasso Moral
William J. Bennet – Ed.Nova Fronteira
fonte: https://presentepravoce.wordpress.com/2008/03/16/cuidado-com-as-palavras/
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